Disse Jesus: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á" - Mt 7.7
INTRODUÇÃO
Notadamente a oração que Jesus Cristo ensinou é a oração mais conhecida dentre todas da Bíblia, nem mesmo a oração sacerdotal [Jo 17], ou ainda a oração pela cura de Lázaro [Jo 11], a oração feita por Moisés em favor dos Hebreus, quando sisse: “...
perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” [Ex 32.32], nenhuma desta é mais conhecida do que a que ensinou Jesus em Mt 6.9-13. Muitos são os exemplos a citar, contudo, esta oração que Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos destaca-se pela singeleza, i.é, simplicidade e objetividade.
Que fique bem claro que é uma oração que Jesus Cristo nunca fez e nem poderia fazê-la, veja: "
E perdoa-nos as nossas dívidas..." [Mt 6.12]. Por ter ficado conhecida como "
oração do Senhor" poderia ter sido melhor intitulada como "
oração modelo" ou "
oração dos discipulos", pois, Jesus Cristo apenas a ensinou. A estrutura desta oração é singular: a primeira parte foca os desejos de Deus e a segunda, nas necessidade humanas. Na segunda parte [v.13] "
E não nos induzas à tentação..." [Mt 6.13], tradução ARC é uma tradução equivocada, visto que Deus a ninguém tenta [ver Tg 1.13]. A tradução mais certa seria "
E não nos deixes cair em tentação...". O fecho final: "
Pois teu é o reino...", não consta nos manuscritos mais antigos, foi acrescida por copistas e talvez se baseia em 1Cr 29.11-13 ou em Rm 11.36. Não se trata de uma fórmula mágica para ser usada mecanica e friamente como tem sido feita.
I. A ORAÇÃO DEVE SER INERENTE AO CRENTE
Os discípulos ao verem Jesus orando lhe pediram que lhes ensinassem a orar. O interessante deste pedido é que eles os discípulos de Jesus mencionam que João Batista ensinava a seus discipulos [Lc 11.1]. Observe bem que João Batista fica em evidência, logo, os discipulos de Jesus viram que João e os seus estavam orando, Jesus também, mas os discipulos de Jesus ainda não haviam sido ensinados a orar pelo seu Mestre. A pergunta prática é: estamos nós ensinando corretamente os alunos de EBD a orar? Estamos nós orando da forma certa?
Os discípulos conheciam bem a história bíblica, pois eram judeus. Eles sabiam que Moisés, Samuel, Davi e todos os profetas oravam continuamente. Sabiam que Daniel era fervente em oração. Saber orar e a sua importância é primordial, sobretudo, entender o que ensinou Jesus aos seus discipulos: Não ser como os hipócritas [Mt 6.5], significa falar de si para si, chmar a atenção para si, com altivez, divorciado de humildade, simplicidade. Ao orar é preciso ter coração contrito, quebrantado, oferecer sacrifício vivo àquele a quem é alvo da oração, a saber, Deus.
É impossível ser discípulo sem conversar ou conhecer aquele que o discipula, i.é, com o mestre. Jesus deu exemplo: Mt 14.23; Mt 26.36, 44; Mc 6.46; Lc 5.16; Lc 6.12; Lc 9.28; Lc 11.1.
II. A ORAÇÃO MODELO
Quando se fala em “Oração modelo” não está implícito que tenha que ser unicamente naquele formato, engessado, ortodoxo, do contrário, isto seria uma reza, i.é, uma frívola repetição. Contudo, a idéia de oração modelo é exatamente na essência de seu conteúdo, onde destaca-se o reconhecimento do senhoril de Deus; O Reino; a Submissão/Sustentação de Deus e o Perdão.
Ao lermos: “Santificado seja o teu nome” Mt 6.9 estamos declarando a santidade de Deus [Is 6.3; Is 12.4]. O nosso conceito de “Deus Santo” é fraco e insuficiente no nosso vernáculo. Por exemplo, Deus é o Criador dos Céus, da terra e do s mares. Também é Criador de tudo que tem fôlego de vida. Criador de todas as Leis. E ainda ousamos dizer que “Deus tem poder”, quando o certo é: “Deus é o Poder”.
Esta expressão “Seja feita a tua vontade” [Mt 6.10] parece perdida e sem nexo com as outras expressões, porém, só parece, pois, trata-se de um ensino precioso. O homem se submete ao seu chefe, ao dinheiro, às intruções médicas, às regras de trânsito, contudo, tem dificuldade de submeter-se a Deus, mais diretamente à sua Palavra, a Bíblia. Jesus deu exemplo [Jo 4.34; Mt 26.39; Todos os discípulos também, pois, cumpriram o “ide” a todas as nações.
III. DECORRÊNCIAS PRÁTICAS DA ORAÇÃO MODELO
Não pensemos que a mesa farta, a dispensa e/ou a geladeira cheia é fruto da força do nosso braço sem o a sustentação divina. Somente os loucos autossuficientes é que são assim. Compensa ler Sl 127.2; Dt 11.14,15; Dt 28.12.
Como todos pecaram [Rm 3.23] e ninguém há na terra que não peque [Ec 7.20], convém buscar perdão por nossas dívidas, aborrecimento a Deus [Jo 7.7; Jo 15.18,23-24] e/ou entristecimento do Espírito [1Ts 5.19]. Lembrando sempre que este perdão de Deus está condicionado ao perdão aos nossos devedores, i.é, temos que perdoar primeiro [Mt 6.14-15].
O pedido de livramento do mal não quer dizer que eu ou qualquer outro cristão salvo esteja livre de me cuidar, de vigiar, orar ou ainda de tentar a Deus [Mt 4.6-7]. A Palavra é muito clara quando afirma: "fugi do mal e da sua aparência" [1Ts 5.22; 2Tm 3.5]. Maldito é aquele que peca por dolo, ou seja, ao invés de fugir ele corre para o pecado. É desertor.
CONCLUSÃO
João 15.7 é muito claro, patente: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. Será que meus pensamentos, pedidos, projetos, sonhos... estão vinculados totalmente à vontade de Deus, à Bíblia e à Igreja? Se sim, Ok. Temos grande chance de nossas orações serem atendidas positivamente. Soli Deo Gloria.
Profº Netto, F.A.
Fontes:
Revista Ensinador Cristão, Ed. CPAD, nº 44, p.38.
BOYER, Orlando. Espada Cortante. 2. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2006.
GEORGE, Jim. Orações Notáveis da Bíblia. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.