sexta-feira, 30 de abril de 2010

O poder da intercessão - Lição 5

INTRODUÇÃO

"Eu rogo por eles,  não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste" - Jo 17.9

Biblicamente falando, temos registros e exemplos memoráveis que podemos usufruir acerca de intercessão. No AT destaco três: Abraão teve compaixão e interviu por Sodoma e Gomorra [Gn 18.17]; Moisés mesmo sabendo da prostituição espiritual dos Hebreus, suplicou a Deus por eles [Ex 32.9-11] e dentre os profetas maiores destaco Jeremias, que mesmo vivenciando a apostasia e a morte espiritual de todo o povo, interviu com todas as forças [Jr 2; Jr 9], apesar de Deus o proibir de orar por eles [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11].

No NT, dentre muitos destaca-se o Apóstolo Paulo,  as irmãs de Lázaro e Jesus Cristo,  nosso Salvador. Importante ressaltar que Deus chama o intercessor, a exemplo de Abraão, Jeremias, o apóstolo Paulo, Pedro e outros. Deus não chamou a Ló [Gn 19.29; Ez 22.30-31], aos profetas e sacerdotes contemporâneos de Jeremias,  mais inflamou o coração dos intercessores. Isto é importante ser destacado.

I – O QUE É A INTERCESSÃO

Em poucas palavras, intercessão é pleitear a causa de outro, arguir por alguém, advogar a causa alheia. O intercessor sempre é chamado a agir como sacerdote pelos outros como se a causa fosse sua. Exemplos: Abraão, Daniel, Samuel, Moisés, Jesus Cristo, Paulo e outros tantos.

1. Definição - etimologicamente temos a palavra Paga [hebraico]. Segundo Strong, Paga tem origem numa palavra significando: colidir com violência, bater de frente, vir entre, suplicar, pleitear, prostrar, encontrar com, alcançar, correr [Ez 22.30; Is 55.12; Jr 7.16; Jr 36.25].

Huperentugcha é a palavra grega equivalente e o dicionário Vine define assim: interceder a favor, harmonizar-se com, encontrar-se com o fim de conversar, pleitear com uma pessoa, tanto a favor quanto contra outros. Exemplos: Lc 13.6-9; At. 25:24; Rm. 11:2; Rm. 8:27,34; Hb. 7:25.

2. A eficácia da oração intercessória – é claro que todas as orações, nos seus mais variados tipos e formas, tem a sua devida importância. Contudo, a intercessão ou intercessória tem certa proeminência, uma vez que quem a faz, anula-se e advoga uma causa que não é sua. Moisés disse: “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” [Ex 32.32], pelo que Deus ouviu a intercessão de Moisés. Jesus Cristo disse: “Eu rogo por eles, não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” [Jo 17.9]. O profeta Jeremias intercedeu muitas vezes por toda a nação, como veremos a seguir.

II - JEREMIAS INTERCEDE POR JUDÁ

Os judeus afastaram-se de Deus [Jr 14.10], e, com isso Deus sendo justo visitou as iniquidades, os pecados, destes. De forma que ausentando-se Deus deles, automaticamente, lhes sobreveio sofrimento. É isso que ocorre àquele que conhecendo a Deus se afasta, apostata, nega-lhe a fé, esfria, e, busca as obras do mundo, i.é, as obras da carne [Gl 5.19-21], que são obras infernais.

1. A Intercessão – Jeremias, o porta-voz de Deus era sabedor do pecado da nação, reis, profetas e sacerdotes, como dissemos na lição anterior. Jeremias sabendo do juízo divino, não pára de rogar as misericórdias de Deus. Sofria e chorava porque sabia que o pecado era real e que o juízo era iminente. Jeremias não acomodou-se, não aceitou ficar sem fazer nada, jamais desistiu. Este realmente é o papel da Igreja hoje, através do Espírito Santo. Então temos a Igreja que intercede usada pelo Espírito Santo e Jesus Cristo [Rm 8.34; Hb 7.25] que intercede pelos rogos da Igreja.

2. Deus Rejeita a intercessão de Jeremias - não porque o profeta estetivesse em pecado, mas porque todo o povo, nação, profetas, reis, principes, profetas, todos, todos mesmo estavam na mais profunda rebeldia, apostasia, rejeição a Deus. Como podia Deus usar de amor para com eles? A lição é clara: não é que não devemos interceder por pecadores, mais devemos dizer as palavras de Deus a eles, chorar por eles, advogar a causa deles e não nos dar por vencidos. Senão, qual o outro motivo da Igreja ser sal, ser luz? É interessante que mesmo a mãe sabendo que o filho é bandido, matador, estuprador, ladrão, ela procura dissuadí-lo. Soa para nós utópico, mas esse é um dos papéis da Igreja hoje. Realmente Deus rejeitou as orações de Jeremias [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11], porém, caso os judeus se arrependessem e buscassem a Deus genuinamente, seriam poupados do sofrimento [Jr 29.12-14].

3. A persistência da intercessão de Jeremias - apesar de Deus dizer a Jeremais: "Não rogues por este povo para bem" [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11],  o profeta não se cansou, compadeceu-se pelas almas dos impenitentes. E este ato nos ensina muito a sermos mais ativos, numa persistencia ilimitada.

III – POR QUE DEVEMOS INTERCEDER

O comentarista é categórico na sua afirmação, a “intercessão não é um ministério, mais é uma obrigação” de todos os salvos. Contudo, eu pergunto. Por que não pode ser ao mesmo tempo um ministério e uma obrigação? Veja, temos o ministério pastoral, porém todos, todos os salvos tem a obrigação de pregar. Alguns versos são fortes: “Ide e pregai...” [Mt 28.19], “Prega a palavra...” [2Tm 4.2]. E assim, é também com a oração intercessória. Alguns podem assumí-la como ministério, porém, outros por terem outro chamado, vocação, exercem o seu chamado e não deixam de interceder. Logo, o seu chamado tem prioridade seja para orar ou para outra vocação.

1. É uma recomendação bíblica – alguns versos ecoam mais fortes e é bom lembrá-los: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de, súplicas, orações e intercessões... em favor de todos os homens" (1 Tm. 2:1); "... e orai uns pelos outros, para serdes curados e restaurados" [Tg. 5:16 ]. Orai sem cessar” [1Ts 5.17]. São muitos os versos que nos exortam a essa prática.

O problema maior é que sabemos disso, a igreja sabe, todos sabemos, porém pouco obedecemos. O maior exemplo é o culto de oração, que é para todos, mas poucos participam. Em At 6.4 os apóstolos disseram: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”. Os pastores e ensinadores deveriam ser os primeiros a se fazerem presentes nos cultos de oração, porém, são poucos que realmente obedecem a essa recomendação.

2. É uma demonstração do amor cristão – eu considero ser a intercessão um ministério e uma obrigação. Nas Igrejas Assembléias de Deus [AD], o “circulo de oração” realmente vive essa ordem bíblica. Se dedicam mesmo, oram vinte, trinta minutos, uma ou duas horas, fazem campanhas intermináveis e tem uma persistência ilimitada. Nota-se, inclusive, que as irmãs [que são maioria] e irmãos desse grupo, são pessoas que trabalham muito e não dão trabalho à igreja. É verdade que muitos obtiveram o favor de Deus ao se derramaram aos seus pés do Senhor. Ana, mãe de Samuel, Jó, Jeremias, Daniel e outros.

3. É um exercício de piedade – realmente há, poucos, mais há, alguns que sentem a dor dos outros, que choram pelos outros, que advoga pelas causas alheias com pungência, que como Abraão se compadece das almas e não negligencia tão grande salvação [Hb.2.3], que intercedem por pecadores perdidos espiritualmente. Piedade, inclusive, é um termo algumas vezes traduzidos como amor. Não teria outro termo melhor para conceituar os intercessores. Exercem piedade, entre os filhos e Deus.

Conclusão - aqui, observo três aspectos importantíssimos. Primeiro, o profeta Jeremias mesmo vivenciando e sendo testemunha ocular da imoralidade dos judeus, apostasia, abandono a Deus por parte destes, não se limitou a intender o momento, foi além e intercedeu com todas as forças e lágrimas. Mesmo contrário a vontade divina [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11], mesmo após ser rejeitado pelos judeus e ser preso, Jeremias sabia que o castigo viria, então ele pregava arrependimento, mas também intercedia ao Todo-poderoso. Segundo, sua intercessão foi ilimitada. Jamais desistiu, mesmo sofrendo e não sendo entendido. Terceiro, todos os "intercessores mártires", deram a vida pela causa, porém, hoje nós temos dois intercessores fiéis, sendo o Espiírito Santo agindo junto à igreja aqui na terra [Rm 8.26-27] e Jesus Cristo, intercedendo como sumo-sacerdote no céu [Rm 8.34; Hb 7.25], por toda a igreja.
Soli Deo Gloria.
F. A. Netto.

Fontes:
1 - Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo. Ed. Sbb, 200;
2 - Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298;
3 - MACARTHUR, JR., John. Ministério Pastoral, Alcançando a excelência no ministério cristão. Rio de Janeiro. 4ª ed.; CPAD, 2004;

3 comentários:

  1. A Paz do Senhor, gostei muito do seu blog e já nos tornamos seus seguidores.
    No amor de Cristo,
    Familia Ramos
    http://familiameoracao.blogspot.com/

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  2. Paz, Francisco.

    Obrigado por visitar o meu blog, e por me seguir.

    Ja estou seguindo o vosso blog e sempre quando eu puder estarei aqui lendo suas matérias.

    Abraço em Cristo, Alexandre Pitante.

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  3. Nobre amigo e irmão Neto, gostei do seu comentario, foi firme e direto no assunto, parabéns, que Deus continue te abençoando e inspirando seus pensamentos, um abraço.

    Fique na Paz de Cristo,

    Alan Fabiano.

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