Que Deus é soberano, governa e ou exerce o governo sobre tudo, a isto é indubitável. A Palavra está para todos e o Reino disponível àqueles que hoje deixam-se circuncidar o seu coração. E para que nossas palavras não sejam um peroratio ao vazio é importante que, em qualquer tema, esteja ancorado na Palavra de Deus. Penso que o Reino Divino deve ser visto a partir das Escrituras, porém, observado e experienciado através da práxis da Igreja.
I. CONCEITO BÍBLICO DE REINO DE DEUS
1. Definição de Reino de Deus - Em curtas palavras é a nova aliança oferecida por Cristo aos que aceitam em Espírito e em verdade. Todas as bênçãos e ou promessas advindas desta aliança está intimamente condicionada à obediência. Todas as maldições estão de mesmo modo ligadas à desobediência. Resumindo: a nova aliança implica em obediência e vida na nova vida. Logo, também direitos e deveres. Ninguém tem acesso a Deus sem antes passar pelo calvário.
2. Os aspectos do Reino de Deus - O autor da revista nos apresenta dois aspectos: quais sejam? Presente e futuro. E eu acrescento a estes o aspecto passado.
Passado - promessas da vinda do Reino, inclusive de um sujeito [João Baptista] que o anunciaria antes da chegada do reino e em seguida, o cumprimento destas profecias: Nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, trazendo o Reino de Deus aos homens [2Sm 7.16].
Presente - a soma de todos os salvos vivos, salvos genuinamente, nos quais habita o Espírito Santo em templo particular, que quando em reunião ou fora dela praticam o "serviço sagrado" do Reino de Deus [Mt 3.2; 4.17, 23; 5.3, 19; 6.10; 7.21; 8.12; 9.35; 10.7; 11.11; 12.28; 13.11, 19, 24, 31; 18.1].
Futuro - entenda-se que o aspecto futuro do Reino de Deus não se limita apenas ao reino milenar, mas também a sequência [Mt 25.34; 26.29; 1Co 15].
3. Governo do Reino - Quem patenteia exerce seus direitos. O Criador exerce a sua soberania sobre a criação e isto é indiscutível. Não é o barro sobre o oleiro, mas o oleiro sobre este [Jr 18]. No princípio Deus deu o domínio ao homem, dizendo: "dominai..." [Gn 1.28]. Este homem caiu e desobediente perdeu o domínio. Na vinda de Cristo e ao ser tentado, Satanás depois de mostrar todos os reinos da terra, propõe: "...tudo isto te darei se prostrado me adorares" [Mt 4.8-9]. Então, entenda-se que pela queda o homem perdeu o domínio reinante da terra para Satanás. Porém, Cristo vem resgatar o homem com a nova aliança, pela obediência para o Reino de Deus. Logo, este mundo jaz em Satanás [1Jo 5.19] enquanto o Reino de Deus está disponível a todo arrependido.
II. O REINO DE DEUS NAS ESCRITURAS
1. No Antigo Testamento - Realmente o AT não registra esta expressão Reino de Deus e certamente porque está vinculado à vinda de Cristo como anunciador, proporcionador e sustentador. No AT Deus é o Rei de Israel, da terra, do universo [Is 43.15; Sl 24; Sl 29]. Lá, no AT não foi dada a ordem: "IDE e pregai a toda criatura..." [Mt 28.19-20; At 1.8].
2. No Novo Testamento - João Baptista [Mt 3.2] anuncia a chegada do Reino, Jesus Cristo é o próprio Reino anunciado por Ele mesmo e perpetuado pelos seus discípulos e conseguintemente, também anunciado pela Igreja, até hoje...
3. Reino de Deus ou Reino dos Céus? Os evangelhos, especialmente os sinópticos [Mateus, Marcos e Lucas] misturam as expressões, anotam tanto Reino dos Céus quanto Reino de Deus. Porém, João palavras de Cristo fala: Reino de Deus [Jo 3.3, Jo 3.5 e Jo 18.36]. Observo apenas que o Reino de Deus está disponível à humanidade pecadora. O Reino de Deus tem sua origem nos céus. Contudo, o reino celestial pleno e integral será apenas na glória, enquanto aqui o salvo pertence, perpetua e vive como cidadão do Reino de Deus, por isso ainda sofre, e, precisa do Consolador.
III. AS MANIFESTAÇÕES DO REINO DE DEUS
1. No passado - Interessante que o autor no tópico I, quando fala dos aspectos do Reino de Deus, apenas cita os aspectos: presente e futuro. Mas aqui fala também de passado. Quanto ao passado penso ser justo mencionar a formatação de um povo/nação sob a égide das Leis dadas por Deus. Também as profecias, todas culminando em Cristo. Os governos teocráticos, etc.
2. No presente - Olho à Igreja e vejo o Reino de Deus em ação, vivo, sólido e sendo combatido, avançando contra as portas do inferno. Divirjo do autor da lição quando afirma: "...o Reino de Deus foi estabelecido de forma invisível na igreja". Pontuo que uma vez que Cristo sendo o próprio Reino de Deus, não foi invisível, foi real, Deus encarnado. Ele veio estabelecer o seu Reino. Os discípulos quando foram chamados de cristãos [At 11.26] entenderam o conceito de pequenos cristos. A Igreja está aí, rejeitada pelo mundo e amada pelos que a compõe. Jesus Cristo não veio estabelecer um reino político, mas um reino espiritual.
3. No futuro - Não somente no reino milenar, mas também na Nova Jerusalém, eternamente divinal.
CONCLUSÃO
Ser cidadão do Reino de Deus implica em aceitá-lo verdadeiramente, em obediência, submissão, zelo e vida na presença de Deus. Na plena posse e uso de direitos como também de deveres. Ainda: na busca incessante de novos cidadãos para o reino celestial. Soli Deo Gloria.
Att.,
Profº Francisco Netto.