sexta-feira, 30 de abril de 2010

O poder da intercessão - Lição 5

INTRODUÇÃO

"Eu rogo por eles,  não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste" - Jo 17.9

Biblicamente falando, temos registros e exemplos memoráveis que podemos usufruir acerca de intercessão. No AT destaco três: Abraão teve compaixão e interviu por Sodoma e Gomorra [Gn 18.17]; Moisés mesmo sabendo da prostituição espiritual dos Hebreus, suplicou a Deus por eles [Ex 32.9-11] e dentre os profetas maiores destaco Jeremias, que mesmo vivenciando a apostasia e a morte espiritual de todo o povo, interviu com todas as forças [Jr 2; Jr 9], apesar de Deus o proibir de orar por eles [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11].

No NT, dentre muitos destaca-se o Apóstolo Paulo,  as irmãs de Lázaro e Jesus Cristo,  nosso Salvador. Importante ressaltar que Deus chama o intercessor, a exemplo de Abraão, Jeremias, o apóstolo Paulo, Pedro e outros. Deus não chamou a Ló [Gn 19.29; Ez 22.30-31], aos profetas e sacerdotes contemporâneos de Jeremias,  mais inflamou o coração dos intercessores. Isto é importante ser destacado.

I – O QUE É A INTERCESSÃO

Em poucas palavras, intercessão é pleitear a causa de outro, arguir por alguém, advogar a causa alheia. O intercessor sempre é chamado a agir como sacerdote pelos outros como se a causa fosse sua. Exemplos: Abraão, Daniel, Samuel, Moisés, Jesus Cristo, Paulo e outros tantos.

1. Definição - etimologicamente temos a palavra Paga [hebraico]. Segundo Strong, Paga tem origem numa palavra significando: colidir com violência, bater de frente, vir entre, suplicar, pleitear, prostrar, encontrar com, alcançar, correr [Ez 22.30; Is 55.12; Jr 7.16; Jr 36.25].

Huperentugcha é a palavra grega equivalente e o dicionário Vine define assim: interceder a favor, harmonizar-se com, encontrar-se com o fim de conversar, pleitear com uma pessoa, tanto a favor quanto contra outros. Exemplos: Lc 13.6-9; At. 25:24; Rm. 11:2; Rm. 8:27,34; Hb. 7:25.

2. A eficácia da oração intercessória – é claro que todas as orações, nos seus mais variados tipos e formas, tem a sua devida importância. Contudo, a intercessão ou intercessória tem certa proeminência, uma vez que quem a faz, anula-se e advoga uma causa que não é sua. Moisés disse: “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” [Ex 32.32], pelo que Deus ouviu a intercessão de Moisés. Jesus Cristo disse: “Eu rogo por eles, não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” [Jo 17.9]. O profeta Jeremias intercedeu muitas vezes por toda a nação, como veremos a seguir.

II - JEREMIAS INTERCEDE POR JUDÁ

Os judeus afastaram-se de Deus [Jr 14.10], e, com isso Deus sendo justo visitou as iniquidades, os pecados, destes. De forma que ausentando-se Deus deles, automaticamente, lhes sobreveio sofrimento. É isso que ocorre àquele que conhecendo a Deus se afasta, apostata, nega-lhe a fé, esfria, e, busca as obras do mundo, i.é, as obras da carne [Gl 5.19-21], que são obras infernais.

1. A Intercessão – Jeremias, o porta-voz de Deus era sabedor do pecado da nação, reis, profetas e sacerdotes, como dissemos na lição anterior. Jeremias sabendo do juízo divino, não pára de rogar as misericórdias de Deus. Sofria e chorava porque sabia que o pecado era real e que o juízo era iminente. Jeremias não acomodou-se, não aceitou ficar sem fazer nada, jamais desistiu. Este realmente é o papel da Igreja hoje, através do Espírito Santo. Então temos a Igreja que intercede usada pelo Espírito Santo e Jesus Cristo [Rm 8.34; Hb 7.25] que intercede pelos rogos da Igreja.

2. Deus Rejeita a intercessão de Jeremias - não porque o profeta estetivesse em pecado, mas porque todo o povo, nação, profetas, reis, principes, profetas, todos, todos mesmo estavam na mais profunda rebeldia, apostasia, rejeição a Deus. Como podia Deus usar de amor para com eles? A lição é clara: não é que não devemos interceder por pecadores, mais devemos dizer as palavras de Deus a eles, chorar por eles, advogar a causa deles e não nos dar por vencidos. Senão, qual o outro motivo da Igreja ser sal, ser luz? É interessante que mesmo a mãe sabendo que o filho é bandido, matador, estuprador, ladrão, ela procura dissuadí-lo. Soa para nós utópico, mas esse é um dos papéis da Igreja hoje. Realmente Deus rejeitou as orações de Jeremias [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11], porém, caso os judeus se arrependessem e buscassem a Deus genuinamente, seriam poupados do sofrimento [Jr 29.12-14].

3. A persistência da intercessão de Jeremias - apesar de Deus dizer a Jeremais: "Não rogues por este povo para bem" [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11],  o profeta não se cansou, compadeceu-se pelas almas dos impenitentes. E este ato nos ensina muito a sermos mais ativos, numa persistencia ilimitada.

III – POR QUE DEVEMOS INTERCEDER

O comentarista é categórico na sua afirmação, a “intercessão não é um ministério, mais é uma obrigação” de todos os salvos. Contudo, eu pergunto. Por que não pode ser ao mesmo tempo um ministério e uma obrigação? Veja, temos o ministério pastoral, porém todos, todos os salvos tem a obrigação de pregar. Alguns versos são fortes: “Ide e pregai...” [Mt 28.19], “Prega a palavra...” [2Tm 4.2]. E assim, é também com a oração intercessória. Alguns podem assumí-la como ministério, porém, outros por terem outro chamado, vocação, exercem o seu chamado e não deixam de interceder. Logo, o seu chamado tem prioridade seja para orar ou para outra vocação.

1. É uma recomendação bíblica – alguns versos ecoam mais fortes e é bom lembrá-los: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de, súplicas, orações e intercessões... em favor de todos os homens" (1 Tm. 2:1); "... e orai uns pelos outros, para serdes curados e restaurados" [Tg. 5:16 ]. Orai sem cessar” [1Ts 5.17]. São muitos os versos que nos exortam a essa prática.

O problema maior é que sabemos disso, a igreja sabe, todos sabemos, porém pouco obedecemos. O maior exemplo é o culto de oração, que é para todos, mas poucos participam. Em At 6.4 os apóstolos disseram: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”. Os pastores e ensinadores deveriam ser os primeiros a se fazerem presentes nos cultos de oração, porém, são poucos que realmente obedecem a essa recomendação.

2. É uma demonstração do amor cristão – eu considero ser a intercessão um ministério e uma obrigação. Nas Igrejas Assembléias de Deus [AD], o “circulo de oração” realmente vive essa ordem bíblica. Se dedicam mesmo, oram vinte, trinta minutos, uma ou duas horas, fazem campanhas intermináveis e tem uma persistência ilimitada. Nota-se, inclusive, que as irmãs [que são maioria] e irmãos desse grupo, são pessoas que trabalham muito e não dão trabalho à igreja. É verdade que muitos obtiveram o favor de Deus ao se derramaram aos seus pés do Senhor. Ana, mãe de Samuel, Jó, Jeremias, Daniel e outros.

3. É um exercício de piedade – realmente há, poucos, mais há, alguns que sentem a dor dos outros, que choram pelos outros, que advoga pelas causas alheias com pungência, que como Abraão se compadece das almas e não negligencia tão grande salvação [Hb.2.3], que intercedem por pecadores perdidos espiritualmente. Piedade, inclusive, é um termo algumas vezes traduzidos como amor. Não teria outro termo melhor para conceituar os intercessores. Exercem piedade, entre os filhos e Deus.

Conclusão - aqui, observo três aspectos importantíssimos. Primeiro, o profeta Jeremias mesmo vivenciando e sendo testemunha ocular da imoralidade dos judeus, apostasia, abandono a Deus por parte destes, não se limitou a intender o momento, foi além e intercedeu com todas as forças e lágrimas. Mesmo contrário a vontade divina [Jr 7.16; Jr 11.14; Jr 14.11], mesmo após ser rejeitado pelos judeus e ser preso, Jeremias sabia que o castigo viria, então ele pregava arrependimento, mas também intercedia ao Todo-poderoso. Segundo, sua intercessão foi ilimitada. Jamais desistiu, mesmo sofrendo e não sendo entendido. Terceiro, todos os "intercessores mártires", deram a vida pela causa, porém, hoje nós temos dois intercessores fiéis, sendo o Espiírito Santo agindo junto à igreja aqui na terra [Rm 8.26-27] e Jesus Cristo, intercedendo como sumo-sacerdote no céu [Rm 8.34; Hb 7.25], por toda a igreja.
Soli Deo Gloria.
F. A. Netto.

Fontes:
1 - Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo. Ed. Sbb, 200;
2 - Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298;
3 - MACARTHUR, JR., John. Ministério Pastoral, Alcançando a excelência no ministério cristão. Rio de Janeiro. 4ª ed.; CPAD, 2004;

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Chorando aos pés do Senhor - Lição 4

TEXTO BÍBLICO: Jr 9.1-3, 5-9

INTRODUÇÃO                          
"Jesus chorou" - Jo 11.35
Lamento, infelizmente o nosso vernáculo é pobre no conceito desta palavra, uma vez que seu original tem conotação de choro, sofrimento interno mais contundente, mais intenso. Em poucas palavras, “chorar amargamente” [Lc 22.62]. Vale lembrar aqui também a causa, o que motivou Jeremias ao lamento, a rebeldia contumaz, a apostasia, a dureza de coração, a insensibilidade espiritual, etc.

I - O LAMENTO DE JEREMIAS

A insensatez, a frieza, a rebeldia, a insolência e os deboches, a adoração a outros deuses e o descrédito dado ao porta-voz de Deus, o levou a lamentar amargamente pelos seus compatriotas.

1. O profeta das lágrimas:

O profeta condoeu-se e externou a sua dor intima através do choro amargo, por causa das almas de seu povo. Eles abandonaram a Deus e adoravam à Rainha dos Céus, deusa babilônica Istar [Jr 7.18]. Queimavam seus filhos e suas filhas a Baal, deus moabita de nome Moloque [Jr 7.31; Jr 19.5]. Seus profetas foram comparados aos habitantes de Sodoma e Gomorra [Jr 23.13-14]. Tem razão de Jeremias lamentar e interceder, pois, sabia que Deus cumpriria a sua palavra. O juízo foi sobre os judeus no tempo de Jeremias por causa do estado moral caído e isto para ensino nosso. Esse lamento é marcante [Jr 9.1; Jr 9.10, 18; Lm 5.15].

Chorar e lamentar enquanto ministro de Deus, vocacionado à causa celestial, implica em alguns momentos, derramar lágrimas. Porque? Porque nos damos conta que somos limitados. Vemos o sofrimento de um irmão e a nossa natureza não aceita, ficamos anestesiados. Às vezes oramos, mas a cura não vem [Fp 2.26-27; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20]. O apóstolo Paulo operou milagres e maravilhas, mais nada pode fazer nesses casos citados. Mas, o choro deve ser maior pelas almas.

Alguns choraram por causas nobres: José do Egito [Gn 42.24] Neemias [Ne 1.4]; Jó [Jó 1.20; 16.16]; Jesus Cristo [Lc 19.41; Jo 11.35]; Pedro [Lc 22.62] e outros tantos.

2. O profeta da solidão:

Estar num “monte” [Mc 6.46] é antes de tudo, meditar, entregar-se totalmente nos braços do Pai. O profeta Jeremias desejou [Jr 9.2] não um monte, mais um deserto, i.é, distanciar-se da miséria, das abominações. Sua natureza não aceitava o comportamento deplorável dos judeus. Porém, Deus o quis no meio do povo como atalaia. Este também é o desejo de Deus, para os seus vocacionados hoje, ser porta-voz, ser perfeito no meio do imperfeito.

II – O LAMENTO DE SAMUEL

Faz-se importante destacar aqui que, ao lembrar de Moisés e de Samuel [Jr 15.1], Deus não estava desprezando o seu porta-voz Jeremias. Pelo contrário, este estava sendo instrumento, elo, intercessor, meio pelo qual de Deus fazia chegar suas palavras para os judeus. Porque Moisés? Ele ainda estava no monte quando Deus o avisou da abominação dos hebreus [Ex 32.7-8]. Deus o avisa do juízo sobre o povo e Moisés intercede, pelo que Deus o ouve. [Ex 32.9-14; 30-35].

Samuel, o profeta, também sofreu muitíssimo por causa da rebeldia e dureza do coração do povo. Nem seus filhos foram achados firmes [1Sm 8.5-6]. O povo, embrutecido de coração rejeita ao profeta Samuel e a Deus. O rei Saul oferece holocausto no lugar de sacerdote [1Sm 15.9]; Saul desobedece a ordem de Deus [1Sm 15.3, 22-23]; Saul mata aos sacerdotes e aos habitantes da cidade dos sacerdotes [1Sm 22.18-21].

O importante aqui neste ponto é que estes profetas intercedem com todas as suas forças pelo povo, aliás, eles não desistiram. Como urge homens e mulheres vocacionados ao ministério de Deus para imitar as ações de Moisés, Samuel, Neemias, Ezequiel, Jesus Cristo e outros tantos. A Palavra não muda, mas o grande mal é que povo tende a mudar. O alerta está soado!

III – O LAMENTO DE OSÉIAS

Este profetizou aos do reino do norte [Os 1.1] e é comparado a Jeremias que profetizou em Jerusalém, reino do Sul composta de suas duas tribos, Judá e Benjamim [2Cr 11.1,3]. Oséias também viu as abominações do povo [Os 2.1, 10, 13].

O povo imaginava no seu coração que o amor poderia ser comprado: “...mercou Efraim amores" [Os 8.9], e, que amando objetos sem valor, poderia obter benefícios positivos: “...se tornaram abomináveis com aquilo que amaram” [Os 9.10]. Mas, Deus quis que conhecessem seu amor: “Quando Israel era menino, eu o amei...” [Os 11.1].

Deus fez que o profeta Oséias fosse o seu próprio sermão. Por ordem de Deus, Oséias casou-se com mulher impura: “Mulher de prostituições...” [Os 1.2], a amou e lhe deu filhos [Os 1.3], e foi atrás dela quando o abandonou [Os 3.1]. Resumo: metaforicamente, a mulher simbolizava a nação com suas prostituições, que fora amada, recebera amor e filhos, não obstante, abandona seu marido, e este, vai atrás. Este era o amor de Deus demonstrado por Israel, através de seu servo Oséias.

IV - O LAMENTO DE PAULO

O apóstolo Paulo mesmo sendo chamado pelo proprio Cristo [At 9.5; 18.28; 22.8] e separado para a sua missão [At 9.15; 13.2-3] e sendo arrebatado para fora si [At 22.17; 2Co 12.1-4], mesmo recebendo de Deus tudo o que escreveu [13 epístolas], não ficou imune às canceiras e lamentos. veja alguns desses lamentos:

7 lamentos paulinos em relação à igreja:

1. A moral dos líderes: João Marcos abandonara a obra pela metade [At 15.37-38]; Os ensinadores falsos [1Tm 6.1]; Himeneu e Fileto [2Tm 2.17-18]; Demas desamparou a Paulo [2Tm 4.10];

2. A apostasia dos gálatas: receberam a Cristo, porém, voltaram atrás [Gl 3.1-3];

3. A rejeição dos judeus: em Corinto os judeus rejeitam os ensinos de Paulo [At 14.19; 18.6] e ele vai para os gentios;

4. Muitas outras rejeições dos judeus: At 13.45, 50-51, 14.2;

5. Pela rejeição dos judeus a Jesus Cristo: “Tenho grande tristeza e incessante dor no coração”, e, “São israelitas...” [Rm 9.1-7; 10.1-5]. O apóstolo lamentou muito por isto;

6. A moral de alguns cristãos: um abusara da mulher do pai [1Co 5.1-2, 11]; outros naufraga na fé [1Tm 1.19-20]; ainda uns tomavam parte da mesa indignamente [1Co 11.30]; Alexandre, o latoeiro [2Tm 4.14];

7. O desamparo na defesa: Paulo não foi assistido pelos seus na sua defesa em Roma [2Tm 4.16, 17], mas, Deus o fortaleceu.

CONCLUSÃO

O porta-voz de Deus, Jeremias, diante de tão triste situação espiritual dos judeus, degradação moral, rejeição às palavras de Deus, tanto do povo quando dos profetas, sacerdotes, principes e reis, lamentou muito. Sabia que se cumpririam todas as profecias. Dizer que não devemos chorar é inaceitável. Muitos cristãos se fazem de mocos quando ouvem uma mensagem mais centrada em Cristo, na Bíblia, mais exortativa. Preferem palavras agradáveis aos seus ouvidos. Mas, o apóstolo Paulo disse: "Prega a palavra..." [2Tm 4.2]. Que haja lamento, mas, também haja pregação do Evangelho.

F. A. Netto.

Fontes:
1 - Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo. Ed. Sbb, 200;
2 - Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298;
3 - MACARTHUR, JR., John. Ministério Pastoral, Alcançando a excelência no ministério cristão. Rio de Janeiro. 4ª ed.;CPAD, 2004;
4 - MURRAY, John. Romanos, Comentário Bíblico Fiel. São José dos Campos. 1ª Edição, Ed. Fiel, 2003. 684p.

terça-feira, 20 de abril de 2010

7 Motivos para ler a Bíblia e os Livros Teológicos

Bem-aventurado o que lê, os que ouvem e os que guardam as palavras desta profecia...” Ap 1.3

Eu estava lendo esta semana a revista Super interessante, Ed. Nr 277, deste ano, pág. 36, onde publicou-se nesta pagina o artigo: “8 motivos para apostar nos livros”, li e logo no meu coração nasceu a idéia de publicar este estudo. Mais antes me lembrei de quando visitei um amigo enfermo e ao ler a Bíblia para ele e conversarmos, fiquei sabendo que o irmão já lera a Bíblia 11 vezes. Outro dia conversando com um professor do IBADETRIM, ele também me disse que tinha lido a Bíblia várias vezes e mais de 200 livros teológicos. Também lembrei de um artigo do Pr Geremias do Couto, no jornal Mensageiro da Paz, edição nr 1484, pág. 25, de janeiro de 2009, onde ensina sobre este assunto. Nesses dias, estou terminando de ler a Bíblia toda pela 2ª vez e concuí que sei muitto pouco.

Pensando no assunto - muitos são os versos bíblicos que nos exortam a essa prática tão negligenciada pelos atuais cristãos. Já em breve citarei alguns deles. Porém, antes cabem algumas questões que julgo ser pertinente ao estudo proposto: Porque os filhos de Deus não estão lendo a Bíblia? Será que não lhes apraz, i.é., não tem prazer em fazer isso? Não mais se deliciam nas palavras de conforto, de sabedoria, de auto-revelação de nosso Deus? Certamente o ensino para se ler e meditar, conhecer a Palavra de Deus não é negligenciado nos púlpitos, nas aulas de Escola Bíblica Dominical [EBD], e, principalmente nos institutos bíblicos e teológicos. Pensar e meditar de forma simples, realista nessas questões, nos dará uma leitura melhor da origem desta causa, e, sobretudo, seremos desafiados a reagir.

Gastando o tempo – óbvio que estamos gastando muito mais tempo conversando com os amigos no pátio da igreja após o culto, em frente à Tv, plugado na internet, ou Deus sabe lá no que estamos gastando o nosso precioso tempo. É claro que, feitas as devidas ponderações, todas essas coisas mencionadas são importantes e até relevantes para todos nós, contudo, tudo tem limite e prioridades. Somos seres sociais, porém, não devemos esquecer e negligenciar esta identidade enquanto cristão [Mt 6.33, Hb 2.3], buscar a Deus.

Meditar - ao invés de meditar na insondável sabedoria de Deus, nos milagres, no sobrenatural, nas delícias do céu, nas palavras consoladoras e edificantes de sua Palavra, canalizamos estas energias, para usá-las na nossa lida diária, problemas, família, amigos, trabalho, etc. Às vezes isto é tão acentuado que estamos no meio do culto, da pregação ou de um louvor maravilhoso, porém, a alma e o espírito foram arrebatados, somente o corpo está presente, não reagimos, somos ou estamos inertes, parecendo o corpo na missa de corpo presente! E isto é seríssimo.

Quem ler? - se for feita a pergunta: Quantos na minha igreja leu a Bíblia toda de Gêneses a Apocalipse, uma única vez? Pasmem! Teremos poucos na estatística, para a nossa vergonha. A outra pergunta seria: quantos assistem o Jornal Nacional uma vez na semana ou navegam na internet uma vez na semana? Certamente a estatística será maior em número, em relação à resposta da primeira pergunta. A leitura não pode ser relegada aos pastores e ou ensinadores cristãos. Todos, todos precisam conhecer a verdade libertadora [Jo 5.39], independente de termos muito ou pouco tempo de salvação. Alguém disse: “Não há livro no mundo mais perseguido pelos seus inimigos e mais torturados pelos seus amigos, a Bíblia Sagrada”. O porque desta verdade é a falta do conhecimento.

O que ler ? – a preocupação é, se estamos lendo de fato, tomarmos o devido cuidado de não ler lixo, sim, temos muitas ofertas que se dizem boas, mas são fracas teologicamente falando, e, que a prioridade é de leitura da Bíblia e também de livros teológicos como: comentários bíblicos, dicionários e livros expositivos de temas específicos. O Pr Geremias do Couto, no jornal Mensageiro da Paz, nr 1.484, de janeiro de 2009, pág. 25, faz um alerta importante: “Há muito lixo sendo vendo nas livrarias evangélicas...”. E ainda lembra-nos a não sermos extremistas, em ler somente livros teológicos ou ler somente Bíblia. Se eu ler somente Bíblia, tudo bem, ela se auto-explica, o problema é, se ocorrer o contrário. Importa que haja um equilíbrio na leitura, principalmente os vocacionados, e, seria muito bom se o laicato, os leigos também lêssem, especialmente a Bíblia, mas infelizmente isso não ocorre.

Biblioteca, ter ou não ter? o ideal, seria se a igreja oferecesse, especialmente aos professores de EBD uma biblioteca básica, para que estes tenham fontes de estudo, uma vez que nem todos tem condições financeiras para este investimento. Porém, aos que podem, devem ter a sua biblioteca pessoal, não para satisfação pessoal, nem por fetiche, mas para melhor exercer o oficio vocacional da própria vida cristã. Não se concebe somente o púlpito, sala de EBD, faculdade teológica, como fontes principais, deve-se investir, se possível, numa biblioteca básica como uma das fontes.

O que fazer? - muito se falou ou se fala nesta questão, entretanto, pouco se fez ou se faz para mudar a realidade. Nós os cristãos não lemos a Bíblia como devíamos, por isso não a conhecemos, ou ainda, não conhecemos o nosso Deus. Então, é urgente ler e ensinar os outros a lerem.

Versos que nos exortam a ler – Ap 1.3: “Bem aventurado o que ler, os que ouvem e os que guardam as palavras dessas profecias...”; Mt 22.29: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus; Jo 5.39: “ Examinais as Escrituras...”; Mt 28.19: “ Ide, ensinai todas as nações...”; Os 4.6: “ O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...”; Os 6.3: “ Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor...”, e outros tantos.

7 motivos para Lê a Bíblia e os Livros Teológicos:

1. Eu passo a conhecer ao meu Deus – amor, sabedoria, os atributos divinos, doutrinas, etc.; esse conhecimento vai turbinar a cachola do crente;

2. Eu passo a meditar em Deus – Sl 1.2; 39.3; Lc 24.32. Esse meditar nos arremete, nos guinda para perto de Deus, abre o entendimento e nos dá compreensão;

3. Eu passo a ter fé em Deus – fé nas promessas, nas palavras, na igreja, na comunhão, na salvação e no Céu, no Filho e no Espírito Santo;

4. Eu passo a pregar mais – pregar mais a Cristo ou sermões com Cristo no centro. Muitos sermões são antropológicos, i.é, tem idéias humanas no centro e não leva a conversões e mudanças de vida. Logo, eu passo a pregar mais redenção, regeneração, amor, perdão, dentro de uma perspectiva bíblica e teológica;

5. Eu vou orar biblicamente – às vezes, as orações podem não serem atendidas por serem mal feitas. Orar biblicamente nada mais é do que nas nossas palavras inserir as promessas bíblicas, expressar amor para com Deus através de sua própria sabedoria, expor a grandeza multifacetada do Todo-poderoso;

6. Aumenta o meu vocabulário – como somos pobres de assunto, e, principalmente no expressar as palavras. Ler significa exercitar a mente e assim ter contato com um universo de histórias e de palavras. É por isso que os mais velhos da igreja não caducam, suas mentes ficam frutíferas, porque são constantemente levadas a entender as coisas de Deus, de lembrar, em fim, exercitam a massa cerebral;

7. Eu vou falar e escrever melhor – se eu falo, falo melhor, e, se eu escrevo, serei mais preciso e terei mais facilidade em escrever porque a soma de conhecimento, consequentemente, de argumento é maior.

Por Francisco Araújo Netto.

Fontes:
Bíblia de Estudo Plenitude, edição revista e corrigida. Ed. SBB. 1995. Barueri, São Paulo. 1526p.
Mensageiro da Paz. Jornal. Ed. Cpad, ano 79, nr 1484, Janeiro de 2009, Rio de Janeiro. 28p.
Super interessante. Revista. Ed. Abril. nr 277, Abril de 2010, Rio de Janeiro. 92p.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Anunciando Ousadamente a Palavra de Deus - Lição 3

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jr 7.1-11

INTRODUÇÃO

As primeiras lições basearam-se nos cap. 1 e 2. Agora o comentarista utiliza o cap.7. Motivado pelo pecado e coração obstinado do povo, o profeta repreende e exorta, pois estes escolheram os ídolos em detrimento de Deus. Os judeus não viam mais o templo como sendo sagrado e destinado à adoração. Era para eles um talismã, um trunfo, uma carta na manga [Jr 7.4; 1Sm 4.3-4]. A exortação do profeta é a de que o templo não os livraria da ira divina, mais sim, o arrependimento. Do contrário, seriam entregues aos caldeus, seu templo seria destruído, tudo seria saqueado, queimado e viriam a ser presa. O texto omite qualquer reação contrária. Realmente estavam cegos espiritualmente, de mente cauterizada [1Tm 4.2] e embrutecidos de coração!

I - JEREMIAS É CHAMADO A PREGAR NA PORTA DO TEMPLO

Porque a porta? Símples, o objetivo era alcançar os que chegavam para adorar, lembrar de seus pecados e exortar ao arrependimento, lógico, antes de entrar no templo. Ao invés de dizer: “Shalon” ou “A Paz do Senhor, irmão”, ouviu-se, arrepende-te e converte-te [Jr 7.3, 5; At 2.38; 3.19]. Dura esta palavra! Quem a aceitará? Talvez devessemos também nós mudar nossa estratégia hoje!

1. O ambiente da pregação.

A porta? Tratava-se do portão que separava os átrios. O equivalente à porta Formosa do templo de Jerusalém [At 3.2]. Digno de nota é a coragem e ousadia do profeta, o que talvez falte a muitos pregadores, ensinadores e mestres hodiernos. Certamente, não lhe faltou unção do Espírito Santo para profetizar a “todos de Judá…" [Jr 7.2]. Na realidade, o ambiente hoje não é muito diferente, pois, muitos estão chegando para adorar, mas estão frios, indiferente, rejeitam a mensagem de Deus. Mensagem que fala diretamente, convence do pecado [Jo 16.8], exorta ao arrependimento, porém, estes se defendem com seus conceitos e filosofias. São auto-didatas e auto-suficiente, biblicamente falando. Os corações estão muito duros nesses últimos dias! Já nos dias de Jesus Cristo havia ostensiva rejeição [Jo 1.11], talvez se a nossa pregação e o chamado ao arrependimento fosse nas praças, feiras, seríamos mais aceitos e  haveria mais quebrantamento! Nem na cruz, pois, um creu [Lc 23.40, 42], nem ao pé da cruz, pois, um bateu no peito e disse: "verdadeiramente, este é Filho de Deus"[Lc 23.47], nem Pilatos que foi tentado a crer [Mt 27.14], nem o rei Agripa que também foi tentado a crer [At 26.28]. Infelizmente, é a dura realidade, dentro das nossas igrejas é onde há mais corações duros!

2. Nossa responsabilidade.

Jesus Cristo disse: “Ide e pregai…” [Mt 28.19]. O apóstolo Pedro disse: “Arrependei-vos e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados…” [At 3.19]. O apóstolo Paulo disse: “Prega a palavra, quer seja oportuno ou quer não…” [2Tm 4.2; 1Co 9.16]. Nossa reponsabilidade é pregar a Jesus Cristo, morto e ressuscitado pelos nossos pecados. Pregar cristocentricamente. O mal de hoje é o ser politicamente correto, i.é., dizer o que os outros querem ouvir, massagear o ego. A mensagem não pode ser triunfalista, pois, Cristo, Pedro, Paulo, Felipe, não pregaram um Evangelho de folguedo, mais de arrependimento e de quebrantamento. Será que eu e você estamos pregando este Evangelho? Pensemos mais nisto. Sugiro  aqui a leitura do livro: "A Cruz e o Ministério Cristão", do D. A. Carson, Ed. Fiel. Muito edificante mesmo! Ele nos exorta a ensinar e a pregar cristocentricamente. É o que nos falta hoje.

II - A MENSAGEM DE JEREMIAS

1. O alcance da mensagem de Jeremias.

O alvo da mensagem era toda a nação, todos, todos estavam terrivelmente perdidos, reis, sacerdotes, profetas [Jr 5.31; 7.2; 17.20; 26.10]. Hoje a mensagem deve alcançar do salvo ao perdido, do mais símples crente ao pastor da igreja. Todos, todos devem ouvir a mensagem da cruz [Os 4.6; 6.3].

2. O chamado ao primeiro amor.

Talvez aqui os versos mais contundentes sejam Jr 2.2-3, que dizem: "Lembro-me de ti, da tua afeição quando era jovem e do teu amor, quando noiva...", e, "... Israel era consagrado ao Senhor". Negaremos tão grande salvação na cruz [Hb 2.3]. Meditar em Ap 2.4-5, é antes de tudo, lembrar de quando o coração queimava, ardia [Sl 39.3; Lc 24.32] por estar na casa de Deus, ganhar almas, louvar, pregar salvação pela cruz, mais também é uma exortação, uma ordem a lembrar de onde por ventura, tenha caído, para que assim haja retorno. É também uma luta contra o orgulho pessoal, pois, o homem não gosta de se lembrar de queda por que isto o humilha e é aqui que a Palavra corta como a espada de dois gumes [Hb 4.12] e o Espírito convence e entra para fazer morada [Ap 3.20]. Os israelitas estavam surdos e cegos, rejeitaram as palavras de Deus ditas pelo seu porta-voz Jeremias.

III - JEREMIAS COMBATE A TEOLOGIA DO TEMPLO.

1. A teologia do Templo.

Os versos chave, melhor, o verso chave aqui é Jr 7.4, mais pecavam [Jr 7.9-10] e confiavam somente no amor e misericórdia de Deus, e, rejeitavam a justiça. Assemelharam-se aos filhos de Eli [1Sm 4], que pecavam na entrada do Templo, e, julgavam-se seguros levando a Arca da Aliança à guerra, iludiam-se, criam que Deus os livraria. Assim, alertemos que não basta estar de corpo presente no templo, mas, que sejamos o próprio templo de Deus, adorando em Espírito e em verdade [Jo 4.24].

2. A desmistificação da teologia do templo.

O templo e Arca da Aliança foram considerados erroneamente como escudo, lugar seguro. Deus não se compromete com templos, mas com cristãos, filhos e filhas obedientes, que com singeleza de coração o adoram. Metaforicamente, templo traduz hoje por algumas coisas como: suntuosidade, riqueza, nome, sabedoria humana, etc. É por isso que às vezes, a propaganda do culto e o nome do pregador ou cantor, são mais importantes, mais destacados do que o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado pelo pecador [1Co 1.18 a 1Co 2.2]. Vigiemos para que não caiamos na tentação [Mt 26.41] da auto-glorificação, egocentrismo, pavonice e essas coisas doidas deste mundo.

3. O comportamento reprovável dos judeus.

Alguns versos nos ajudam a entender melhor a depravação espiritual dos judeus naquele tempo. Jr 6.10, 19-20 diz que a Palavra de Deus era vergonha para eles e a rejeitaram. Se prostituíram espiritualmente com outros deuses [Jr 48.7, 13, 46] como Camos ou Quemos, que era um deus moabita. Adoravam também a outro deus moabita de nome Malcam ou Moloque [Lv 18.21; Lv 20.2-5; Jr 7.18, 31; Jr 19.5; Jr 49.1-3], para este deus, adoravam sacrificando seus filhos rescem nascidos numa estátua ardente. Em Jr 23.13-14, Deus denuncia os seus profetas comparando-os com os moradores de Sodoma e Gomorra. A Palavra de Deus e viva e eficaz, tem o poder de dizer ao homem que ele é pecador. Ela aponta o comportamento pecador do homem.

IV - A LIÇÃO DE SILÓ

1. As teologias modernas.

Siló aparece primeiramente em Gn 49.10 como uma profecia, depois em Js 18.1 com a tenda da congregação, i.é., o Tabernáculo, porém, a lição maior é em 1Sm 4, onde os israelitas estavam em batalha já perdendo, se lembram de que a Arca da Aliança estava em Siló, buscam-na, porém perdem a guerra e também a Arca. O final é trágico. Destaca-se a falsa segurança no Templo e na Arca da Aliança. A lição é clara, tinham o Templo e a Arca. Mas em função do pecado obstinado, desobediência e apostasia, Deus não deu vitória.

O alerta é soado também para as teologias de sermões e ensinos antropocêntricos, performances, gritarias, pavonices e outros mais, que anunciam um evangelho de folguedo, triunfalismo, profecias azedas. Para isso tudo eu tenho um conceito particular: Teologia Híbrida! A semente até nasce, mais nada produz [Lc 13.6-9].

2. O perigo de nossos triunfos.

Aquele que se glorie, se glorie no Senhor [1Co 1.29, 31]. É a Palavra e a mensagem da cruz que tem o poder [2Co 2.4-5].

Conclusão

A mensagem profética foi dada para arrependimento e juízo. Não deve ser negligenciada [Hb 2.3], omitida. A função da palavra hoje é promover arrependimento, edificação e levar todos, todos à adoração singela, mais intensa, com todas as forças da alma, todo entendimento.

F. A. Netto.

Fontes:
1 - MACARTHUR, JR., John. Ministério Pastoral, Alcançando a excelência no ministério cristão. Rio de Janeiro. 4ª ed.;CPAD, 2004.
2 - Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo. Ed. Sbb, 200;
3 - Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298.
4 - CARSON. D.A. A cruz e o ministério cristão. São Paulo: Ed. Fiel, 2009, p.176.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Raio X da Escola Bíblica Dominical no Brasil - EBD

Ao mestre, com carinho: “... Se é ensinar haja dedicação ao ensino” - Rm 12.7

A importância da EBD - Hoje nas nossas igrejas temos muitos professores [as] nas EBD, inclusive, expresso aqui meu apreço e admiração destes que, voluntariamente se dispõem para este serviço tão necessário, e, acima de tudo, vital para que o novo e o velho convertido aprenda a “guardar todas as coisas...”[Mt 28.20] que Jesus Cristo e seus discípulos ensinaram. E a importância é de tal forma que é nela que os crentes são formatados como cristãos. É na EBD que o novo crente cresce espiritualmente, i.é., aprende: a Bíblia, a louvar, aprende as doutrinas, os atributos de Deus, sana todas as suas dúvidas, em fim, cria raiz espiritual. Na verdade, a mensagem do púlpito tem cunho essencialmente [principalmente no domingo] evangelística, sua finalidade é levar ao arrependimento e conversão,  já a EBD, tem uma mensagem de cunho edificador.

Tradicionais X Pentecostais - As igrejas tradicionais como: Presbiteriana, Batistas, Metodistas, sempre se destacaram nesse campo. Em contra-partida tem menos conversões nos seus cultos em comparação com as co-irmãs pentecostais. Que paradoxo, hein? A explicação é simples. Nas igrejas pentecostais como Assembléia de Deus, quase todos os cultos são de cunho evangelístico, sempre tem apelos, a preocupação maior sempre foi ganhar almas. Isso salta aos nossos olhos quando vemos as estatísticas comparativas entre as igrejas tradicionais e pentecostais. Porém, as pentecostais estão investindo mais no ensino aos seus fiéis, especialmente nas EBD, para que estes não somente se convertam, mais também permaneçam crentes e com raízes espirituais profundas. Já as igrejas tradicionais, apesar de terem menos conversões em seus cultos, quando acontece, esses novos convertidos recebem muito ensino nas EBD. Para começar, o professor da classe de discipulado sempre é um pastor que realmente esteve num seminário por cinco longos anos, e, que tenha vocação para ensino. Eis a diferença, se ganha poucas almas, porém essas recebem muito ensino e de qualidade.

Forma e conteúdo - Contudo, observamos e é visível, salta aos nossos olhos, que muitos desses professores voluntários que estão na EBD não possuem a mínima capacitação teológica para o exercício de tal função. Cadê os “pastores e mestres” ou “mestres” de Efésios 4.11, nas EBD? Alguns docentes, sequer nunca leram a Bíblia Sagrada na íntegra, i.é., toda ela, de Gênesis a Apocalipse! Não investem numa biblioteca pessoal e muito menos em leituras teológicas, detestam cursos teológicos, seminários, conferências e ou simpósios dessa natureza. Pasmem! Mas é a realidade. Os nossos filhos, que qualidade de ensino bíblico estão recebendo nas EBD? Pois, se essas aulas nunca mudam, são contadas as mesmas histórias anos afim, não incluem uma dinâmica, não se usa vídeos num data-show, não se ensina mais as crianças a guardarem nomes dos livros da Bíblia, versos, etc. Muitas igrejas tem forma de igreja, tem tudo de igreja, é bonita, tem salas, professores, alunos, porém, ensino teológico que é bom, não tem, são fracas. Muitos professores exercem tal função sem o mínimo de capacitação para tal, fazem pelo status, porque estão na igreja há tempo, então, assim conclui-se que detêm o conhecimento. Logo, as EBD hodiernas, tem forma, entretanto, não conteúdo de qualidade.

As salas de aulaVia de regra, não são nada boas, i.é., oferecem poucas condições. Usa-se carteiras à moda antiga, aquelas com assento e encosto de madeira e base metálica, que são muito desconfortáveis, depois de trinta minutos sentados sente-se a sensação de estar sendo agredido pela cadeira. Fica difícil assistir as aulas assim. O espaço físico é minúsculo, apertado, com pouca aeração, i.é., sem janelas ou então com muito pouca entrada de ar. E os quadros? Claro que ainda usamos aqueles antigos que nossos avós conhecem, de giz é lógico, que é anti-higiênico e é barato! Ainda falta dizer sobre a limpeza, higienização das salas. Ora, se as salas tem carteiras antigas, espaço minúsculo e pouco arejados, quadros antigos, imaginem como será a limpeza dessas salas, será que cheiram bem ou cheiram a poeira? Será que os alunos não sujam as suas roupas ao sentarem-se nas cadeiras, no chão, ou ao encostarem nas paredes? A avaliação não é nada boa, não pensem que estou exagerando. Há poucos dias, estive numa de nossas congregações onde havia falecido uma pessoa conhecida, e, em dado momento fui conhecer uma das salas de aulas de EBD, quase que eu chorei mais pelos alunos da EBD daquela igreja, do que pela perda do que havia falecido. Um abandono total. A descrição foi esta que lhes dei acima e por incrível que pareça, na maioria das igrejas que visito, e, sempre espio as salas de aulas da EBD, a avaliação não é diferente. São raríssimas as exceções, que na verdade, essas exceções deveriam ser regras e não o contrário.

Em algumas igrejas, onde não existe salas, se usa o próprio templo, e, se o espaço for grande, divide-se em mais de uma sala de aula no interior do templo, o que não é nada bom, uma vez que a atenção do aluno não será exclusiva para o seu professor, mais será dividida com todo o que lhe chamar a atenção, i.é, as outras salas. O ideal seria que cada classe tenha a sua sala separadamente e com todas as condições.

Há lugares, especialmente no campo fazendo missões ou em lugares muito pobre de recursos, que as aulas são dadas debaixo de arvores, choupanas ou algo assim, porém, a qualidade do conteúdo oferecido não deve ser negligenciado mesmo nessas condições.

As lições – Geralmente se usa revistas com treze lições, o que atende a três meses de aula. Isto é muito bom, mais não pode o professor ter somente o conteúdo de sua revista como fonte. A lição ficará muito pobre de conteúdo. Ainda mais se o mestre, professor, ensinador cristão, não tiver uma boa capacitação. Diz um velho provérbio: “Nós só damos aquilo que temos”. O ideal é que o mestre tenha um equilíbrio na entrega desta lição, ofereça teologia, contexto histórico, uma boa interpretação e por fim faça uma boa aplicação.

Os mestres – Professor, ensinador cristão, mestre [Ef 4.11], doutor da Lei [Jo 3.10], este um conceito muito alto para a avaliação de mérito de nossos mestre hodiernos. Mestre, doutor, indica que realmente tem um conhecimento profundo e que o ensina na mesma profundidade real deste conhecimento, sendo visto isto pela persuasão e integridade, retidão moral deste mestre ou doutor. Via de regra, nossos professores são os crentes mais antigos ou que conhecem mais de Bíblia do que os outros. Muitos não possuem formação teológica, um aperfeiçoamento, uma capacitação mais apurada, são autodidatas, tem aversão a seminários teológicos e afins. Tem discipulados que sabem mais do que o discipulando. E isso tudo para a vergonha da igreja.

Plano de aula – Esta é uma pratica que é realidade em algumas igrejas e que realmente quando bem feita, surte o seu efeito. O que é o plano de aula? Ora, promove-se uma aula magna daquela lição para os professores, antes que eles apliquem a lição aos seus alunos. Evidentemente que este [plano de aula], deve ser dado por alguém que tenha domínio pleno do assunto, teológico, contextual e interpretativo, e, ainda culmine numa aplicação prática viável e pertinente com a realidade do aluno. O ideal é que este plano de aula seja um dia antes da lição, a fim de sanar todas as duvidas do professor, ou então, cerca de uma hora antes da aula. Infelizmente muitas igrejas ainda não fazem assim e o conteúdo/aula fica paupérrimo.

Didática & Metodologia – Será que os nossos mestres da EBD estão sendo hábeis em usar todas as ferramentas para o exercício ora conferido a eles? Os pedagogos até estremecem só em pensarem no assunto. O escritor Augusto Cury em seu livro “Pais Brilhantes, Professores Fascinantes” [pg. 119 a 154], sugere dentre muitos ensinos, três que valem muito a pena: 1. Sentar em círculo ou formato de U. Realmente funciona mesmo, coibe as conversas paralelas, anula a timidez dos alunos e ajuda na exposição da aula; 2. Exposição integrada, a arte da interrogação. É ideal que o professor faça perguntas inteligentes aos seus alunos, semelhante às que Jesus Cristo fazia aos seus ouvintes [Mt 16.13]. Isto estimulará o aluno e o levará aos seus limites de conhecimento. O resultado é que o aluno conhecerá mais; 3. Exposição dialogada. Expor dialogando, naturalmente é diferente de somente o professor expor e os alunos somente ouvir, o que na verdade é um monólogo. Então a pratica da didática e de uma boa metodologia facilita o ensino da lição.

Sugere-se que apesar das dificuldades, o professor utilize-se de ferramentas atuais, como filme, power point, etc., via data show ou televisão durante a lição. Isso no máximo três minutos do tempo.

Sala de aula padrão – Para as igrejas que já tem algumas salas de aula, sugiro construir ou tornar uma dessas salas, padrão. Isso visando o futuro, de forma que o objetivo seja o de que as outras um dia serão como esta padrão. Composição: amplo espaço físico, bem arejada, se possível climatizada e com cadeiras confortáveis, suporte das cadeiras retrátil [a parte de colocar o caderno para escrever]. Limpa, i.é., bem higienizada e com quadro branco para uso de pincel atômico. Telão retrátil, data-show fixo e caneta laser, ideal para se usar filmes de dois a três minutos durante uma lição ou ainda power points. Porém, o professor deve ser familiarizado com todas as ferramentas que a sala oferece, a fim de não perder tempo durante a aula, seja dinâmica, objetiva e rica em conteúdo. Óbviamente, a administração da EBD depende do seu caixa, entretanto, tudo na vida tem um preço, principalmente conhecimento.

Avaliar o Desempenho e Performance do professor – ADP: Criei este método cunhando-o em duas premissas básicas: 1. O professor, conhecer a si mesmo [Conhece-te a ti mesmo - Sócrates]. Ele fará uma leitura de si mesmo e verá o que tem feito, se tem tido êxito na sua missão e principalmente verá suas qualidades e defeitos; 2. Sim, nós Podemos [Yes, we can - Obama]. O bom professor faz de si mesmo um laboratório. A idéia é potencializar-se, ser mestre no que faz. Particularmente, tenho adotado o método para mim mesmo como professor no Instituto Bíblico – IBADETRIM e também na EBD da igreja que sou membro. Você se surpreenderá e crescerá muito. Sim, eu e você, i.é., nós podemos melhorar!

Dicas para Avaliar o Desempenho e Performance: direcionei essas dicas para a prática da lição da EBD, i.é., entrega da lição. Porém, podem ser adaptadas para outra aula em sala.

1. Abertura: Capacidade de assumir a direção da aula, valorizar o aluno, visitas, e, iniciar a lição. É a 1ª chance de ganhar a atenção dos alunos, não deve ser desperdiçada. Usar o tempo máximo de 1 minuto. Deve-se: cumprimentar os alunos, valorizar as visitas, atrair a atenção à aula e começar a lição. Isso tudo em um minuto.

2. Introdução da Lição: Capacidade de arrebatar a atenção dos alunos, com uma síntese clara e precisa da idéia geral da lição. Aqui, o Profº é obrigado a atrair toda atenção dos alunos. Aliada à didática, a síntese da lição deve ser brilhante, apresentar uma visão panorâmica da lição e arrebatar os alunos para o assunto. Usar entre 1 a 2 minutos.

3. Tópicos: Capacidade intrínseca do ensinador cristão [mestre] de explicar todos os tópicos da lição de forma clara e convincente, usando argumentos bíblicos e não conhecimento empírico. Fazer aplicação no contexto atual. Responder perguntas de alunos sem fugir da lição. Usar entre 7 a 10 minutos para cada tópico e subtópicos. Aqui é importante que ao começar explicar um tópico não migrar para outro antes de terminar este. As respostas e esclarecimentos devem ser embasados na bíblia.

4. Perguntas da Revista e Conclusão: Capacidade de responder [durante a aula] as perguntas inseridas na revista, dando-lhes o devido destaque. Fazer a conclusão, sintetizando toda a lição, aplicando teologicamente de forma relevante e significativa. A conclusão deve ser curta, rápida e objetiva. Aqui o prof. Usa seu poder de síntese. Usar entre 1 a 2 minutos para a conclusão. Nada de empirismo nas respostas. A Bíblia se auto-responde, use-a para tal, o professor está ali para este fim. Ah, valorizar sempre as perguntas e participações dos alunos. Isso é muito importante, deixa eles ligados na aula.

5. Posturas e Gestos: Capacidade especial do ensinador [mestre] ao se apresentar diante dos alunos, chamando a atenção para a lição e não para si. Evitar cenas bizarras e caricatas [ex: se cocar, sentar durante a aula, escorar, gestos agressivos ou pejorativos]. A postura deve ser simples e elegante. Os gestos podem ser suaves ou fortes, porém coordenados. O professor destaca-se por várias coisas e as mais importantes são: conhecimento teológico com que argumenta, esclarece a lição e sua postura quando o faz. Não deve se dar ao luxo de relaxar durante sua aula.

6. Verbalização: Capacidade natural ou adquirida do ensinador de verbalizar, expressar, explicar com qualidade de voz, boa tonalidade e bom volume, sem agredir aos ouvidos. Aqui, não se avalia o conteúdo teológico, avalia-se o conteúdo verbal. É importante alternar nos momentos certos o tom de voz.

7. Apresentação Pessoal e Asseio: Capacidade peculiar ao ensinador, de vestir-se com trajes próprios à função. Não atrair a atenção para sua vestimenta. Cumprir a instrução administrativa de sua EBD. Evitar roupas muito justas, curtas, transparentes ou com misturas de cor. Cuida bem do cabelo, barba, unhas, etc. Cuide de sua higiene pessoal, os alunos se miram nos seus professores, sem dizer que outros gostam de se aproximar e ficar por perto.

8. Investa na preparação da lição: gaste bastante tempo preparando sua lição.

8. Leia bíblica e de livros teológicos: É importante ler muito a bíblia e livros teológicos. Tem professores que exercem a função há dez anos e jamais leram a Bíblia na integra. Leia também jornais e revistas deste seguimento. Também há muitos blogs bons.

9. Biblioteca pessoal – Sugiro pelo menos três Bíblias de estudo, um dicionários bíblicos, três comentários bíblicos e Livros de cunho teológico.
10. Jornais: Conheço e leio o jornal Mensageiro da Paz e o Jornal Presbiteriano, são muito bons, sugiro.

11. Objetivos gerais da ADP:
a. Proporcionar à Adm/EBD, conhecer seus professores;
b. Avaliar, medir, aquilatar a qualidade do ensino teológico oferecida aos alunos;
c. Potencializar a EBDU, em excelência de ensino bíblico e doutrinário;
d. Proporcionar estreitar laços entre Adm/EBD e professor;
e. Levar, professor e alunos a valorizarem as lições bíblicas contidas na revista;
f. Proporcionar ao professor, conhecer-se como tal, se auto-avaliar e buscar a excelência no ensino.

Concluindo – temos muito o que melhorar em termo aulas na EBD. Em muitíssimos lugares temos péssimas salas de aula, em todos os sentidos mesmo. Temos professores fracos em conhecimento, argumentação teológica e que expressam dificuldade de tornar o ensino relevante e útil ao aluno. O pior de tudo é que a administração dessas igrejas sabem disso e são omissos. Se queremos crentes enraizados nas doutrinas bíblicas e prontos argumentar naquilo em que forem argüidos, precisamos investir muito na EBD, especialmente, primeiro no professor e segundo no ambiente em si. Melhor seria se pudéssemos investir nos dois ao mesmo tempo, mas falta muita vontade de quem de direito.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Disciplina na Igreja

Breve nota sobre o livro - O livro “Disciplina na Igreja”, do Dr Russel P. Shedd – Editora Vida Nova, nos faz um alerta importante sobre a ação disciplinar de algumas igrejas hodiernas, no que diz respeito a que tipo de “disciplina” vem sendo aplicada a seus membros. Quais sejam: disciplina de indiferença; excomungatória e sobretudo, pratica-se de forma mais contundente, uma “disciplina negativa” ou “disciplina positiva”, como expõe o Dr. Shedd em seu livro.

No livro, além das suas definições específicas, o Dr. Shedd conceitua claramente duas formas de disciplinar, investindo evidentemente, naquela que é mais eficaz. Observe:

Disciplina negativa – é definida como aquela que, devido ao flagrante ou em função do pecador assumir, ainda sendo descoberto comprovadamente e não assumindo, recebe ação disciplinar dada pela igreja [Sl 119.71; 1Tm 1.19-20; 1Co 5.5].

Disciplina positiva – esta se dá quando a mesma igreja ensina, prega e vive a palavra de Deus com tal intensidade, amor e compreensão que não se faz necessário disciplinar de forma extrema, porém, de forma preventiva [Sl 119.11; 2Tm 4.2; 2Tm 3.10-17; Jo 5.39; Mt 22.29], contudo, principalmente pelo ensino vivo e eficaz [Hb 4.12] da palavra de Deus.

Motivos – geralmente são:
a. por motivos pessoais;
b. políticos;
c. excesso de zelo disciplinar;
d. puro legalismo;
e. corte de cabelo;
f. jogar futebol;
g. trajes como: calça compridas à mulher e outras roupas;
h. uso de adornos, seja jóias ou similares;
i. uso batom, maquiagem e afins;
j. ausência nos cultos;
k. deixar de cumprir “uso ou costume” [arcaicos ou absurdo] observado pela igreja;
l. e outros tantos.

Motivos de omissão – casos em que algumas igrejas se omitem, geralmente são:

a. quando ocorre com filhos de pastores;
b. filhos de crentes importantes ou ricos;
c. quando ocorre com algum pastor ou partícipe ministerial;
d. por falta de provas do fato, porém do conhecimento de todos;
e. quando o pecado é descoberto tempos depois;
f. quando as partes [que pecaram] se casam antes da criança nascer;
g. quando o envolvido some, foge da disciplina;
h. e outros tantos.

Vocabulário:
Admoestar - Noutheto –  [1Co 4.14, 16].
Conserto - Catartizete [Ef 4.12], denota a idéia de restaurar para o serviço, para a obra [Mt 18.15-20].
Disciplinar – Paideia – [Ap 3.19]
Podar, Limpar – kathairei [Jo 15.2], limpar cortando do ramo que produz pouco.
Repreensão – Elegchon – [2Tm 3.16]

Os alunos do 1º Período de Bacharel em Teologia do IBADETRIM, que irão resumir o livro “Disciplina na Igreja”, do Dr. Russel P. Shedd – Ed Vida Nova, certamente ganharão em conhecimento e argumento bíblico. O livro tem apenas 72 páginas, porém é riquíssimo teologicamente falando e traz não somente ensino, mas nos exorta a praticar uma “disciplina positiva”, nas nossas igrejas.

Cursar o Bacharel em Teologia pelo IBADETRIM, necessariamente absorve-se a disciplina curricular de Eclesiologia, e, nela, uma das aulas, será abordado este tema: “disciplina na Igreja”, motivo pelo qual foi sugerido aos alunos lerem e sintetizar/resumir o livro [resumir em no mínimo 3 páginas e no máximo 5], afim de podermos fazer um debate mais amplo sobre o tema, além de valer nota, tanto o resumo, quanto o debate em sala. Sugere-se que o aluno comente no seu resumo as questões abaixo:

Questões sugeridas:
1. Sobre o autor do incesto [1Co 5.2, 5, 7, 9, 13], a reação do apóstolo Paulo foi “exclusão imediata”. Explique o porque da exclusão imediata: veja as páginas 53-54 e as notas 2 e 3 na página 68.

2. Cite os dois casos em que o apóstolo Paulo entrega alguém a Satanás [1Co 5.5; 1Tm 1.19-20]. Comente no seu resumo os motivos:

3. Em alguns casos [Jo 15.2; At 5.1-11; 1Co 11.30; Hb 2.2; Hb 12.5-11; Ap 2.5; Ap 3.3], quando a Igreja ou os crentes não tomam uma atitude disciplinar, Deus disciplina. Comente no seu resumo sobre os dois tipos de disciplinas mencionadas no livro.

Francisco Araújo Netto – Profº

Fontes:
SHEDD P. Russel – Disciplina na Igreja, São Paulo, Ed Vida Nova, 1ª Edição, 1983, 72p.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Jeremias, o Profeta da Esperança - Lição 1

O nome Jeremias - do hebraico “Yirmeyahu”, aparentemente significa “O Senhor Estabelece”. Jeremias nasceu aproximadamente em 647 a.C., na cidade benjamita de Anatote, terra da família sacerdotal de Abiatar (1 Rs 2.26), situada a 5 Km a nordeste de Jerusalém. Era filho de Hilquias, sacerdote no período da reforma do rei Josias.

Inicio de ministério - por volta de 626 a.C., no 13º ano de Josias, Jeremias iniciou o seu ministério profético quando ainda [não se sabe a idade] Jr [1.6], apesar de ser vocacionado à profeta desde o ventre materno [1.5].

Resistência ao chamado profético - sua escusa, atribui-se à sua pouca idade [Jr 1.3], contudo, aqui o termo “criança” ou “menino”ou “adolescente”, entende-se como jovem ou rapaz.

Essa resistência de Jeremias foi comum a Moisés [Ex 3.11, 13; Ex 4.1, 10, 13]; a Barac quando chamado por Débora [Jz 4.8-9] e de João Marcos, que após atender ao chamado, desiste no meio da jornada [At 15.37-38]; diferentemente do profeta Isaías, que prontamente atendeu ao chamado [Is 6.8], de Abrão [Gn 12.1-4] que agiu do mesmo modo.

Profetizou cerca de quase um século depois de Isaías e de Miqueias, e todos com mensagens de Juízo à nação pecadora.

Casamento – proibido de casar-se pelo Senhor como sinal à nação [16.2]. Motivos: afim de que não viesse a ter filhos e filhas; sobre a nação sobreviria juízo; morreriam de enfermidade, fome e espada; não seriam pranteados, sepultados e seus cadáveres serviriam de alimentos aos abutres e de esterco à terra. O juízo veio pela desobediência da nação [Jr 16.11-13, 17-18, 20-21].

Proibiu Deus ainda – “Não entres na casa do luto” [Jr 16..5]; “ nada se lhes dará por dó, para consolá-los por causa de morte” [Jr 16.7]; “ Nem entres na casa do banquete” [Jr 16.8]. Devido à dureza do coração do povo [Ef 4.18; Tg 1.8; 1Pe 1.22], Deus enviou sua mensagem através de seu porta-voz, contudo, não houve arrependimento.

Contemporâneos – viveram em seu tempo: no começo de seu ministerio, os profetas Sofonias e Habacuque, e mais adiante, o profeta Daniel.

Perfil do profeta Jeremias – sensível [Jr 9.1; 13.17; 22.10; Lm 1.2], humilde e não se misturou à cultura de seus dias, pelo de Deus a missão de profetizar aos seus contemporâneos.

Rejeição do profeta - Jeremias veio a ser rejeitado em função da sua mensagem de juízo pelo pecado do povo. Sua mensagem profética direcionada à monarquia, contra os sacerdotes e também contra os falsos profetas. Foi Perseguido e agredido pelos sacerdotes [Jr 20.1-3]; rejeitado pela família [Jr 12.6]; preso por ordem do rei Zedequias em calabouço, i.e., cisterna, por profetizar contra os príncipes, reis e comportamento da nação [Jr 38.1-10]; rejeitado pelos seus contemporâneos [Jr 11.19-23]; acusado de traição, por ordenar, a mando do Senhor, que Judá se rendesse aos babilônicos. Contudo, nutria grande afeição pelo seu povo e todas essas lutas o aproximava cada vez mais de Deus. O livro de Jeremias revela algo de seus tocantes diálogos com o Senhor (11.18-23; 12.1-6; 15.1-21; 18.18-23; 20.1-18).

Fontes de sustento do profeta - Jeremias tinha origem sacerdotal [Jr 1.1] e em dado momento adquiriu e pagou um campo [Jr 32.5-14]; recebeu um quinhão [Jr 32.12], ainda que não se apossado deste, pois veio a ser preso; Nebuzaradã, capitão da guarda babilônico deu-lhe um presente [Jr 40.5]. Desta forma, sabe-se que o seu sustento provinha de Deus.

Fontes
1. Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Os Perigos do Desvio Espiritual - Lição 2

LEITURA SUGERIDA: [Jr 2.1-7, 12-13].

INTRODUÇÃO
O profeta Jeremais, exorta, repreende, protesta e alerta contra a atitude indiferente dos Judeus, por causa da sua apostasia, pois seriam eles, exilados e sofreriam o juízo de Deus. Os judeus teimaram em pecar.
Devemos nos examinar [1Co 11.28; 2Co 13.5] e ver se esta apostasia maldita não nos atingiu.

I – O QUE É APOSTASIA?

1. Definição
Apostasia, tem origem grega “apostásis”, significando afastamento, frieza, sepultamento da fé. Morte espiritual. Apostasia assemelha-se a um câncer atacando sutilmente ao crente ou a igreja que, quando se apercebe, já está em estado terminal. Este é também um mal hodierno, que inclusive, atinge aos ensinadores e pregadores atuais.

2. A Apostasia de Israel
Os judeus abandonaram ao seu Deus, amaram os ídolos [Jr 2.8, 11, 17]. Dura coisa é abandonar a Deus, pode ser que o crente esteja até afastado, desviado, porém haverá temor no seu coração e pela Palavra cairão em si como aconteceu com o filho pródigo [Lc 15.17-21], pode ser que alguém esteja hoje na situação da “ovelha perdida”, por deixar de ouvir a voz de seu pastor [Lc 15.4]. No tempo de João Batista os Judeus estavam enraizados nos costumes seus, seus olhos viram ao Messias, mas estavam cegados pelo legalismo de sua religiosidade [Mt 3.7; 12.34; 23.33]. O Senhor Jesus os alertou sois filhos de Satanás [Jo 8.41, 44]. Hoje temos muitos apóstatas, muitos filhos pródigos e muitas ovelhas perdidas. Devemos, pela Palavra de Deus fazê-los lembrar do primeiro amor [Ap 2.4], arrebatá-los, arrombar as portas do inferno [Mt 16.18], e, por fim fazer todos assentar à mesa de Deus.

II - UM BRADO CONTRA A APOSTASIA

1. Falar em nome do Senhor
Como carecemos hoje de homens e mulheres de Deus que de fato cumprem o “ide e pregar, ensinai a todas as nações” [Mt 28.19], homens como o Profeta Jeremias que clamou aos ouvidos do povo, nação, reis, sacerdotes, profetas e príncipes [Jr 2.8; 14.13; 17.19-20; 19.3-4; 46.1], a ninguém poupou da sua mensagem. Pois muitos perderam a sua moral e se igualaram aos ímpios.

Desgraçado é o pregador ou ensinador cristão que fala em seu nome, enquanto deveria falar em nome de Cristo [At 4.18; 5.28, 40; At 21.13; Rm 9.17; Cl 3.17; Ap 15.4]. Melhor êxito terá se assim o fizer.

2. Ser autêntico e não politicamente correto
O Pr Eugene Peterson, em seu livro “O pastor desnecessário”, Ed Textus, diz em seu livro: “Nosso compromisso é o de manter viva a proclamação e olhar pela almas ...”, [pg. 2]. Ele faz um alerta para este grande mal conclamando a uma reavaliação ministerial. Fala-se muito hoje o que se quer ouvir e não que precisa ser dito. Talvez por falta de unção, conhecimento, preparo, porém muitos agem assim atendendo a seus interesses mesquinhos. Perdem a oportunidade. Ser autêntico é ser fiel à chamada e à vocação, ter vida para Deus e não para se mostrar. Evitar a autoproclamação, pavonice. É preciso pagar o preço, o Profeta Jeremias sofreu açoites [Jr 20.2], foi preso e castigado [37.1, 4, 13, 15-16; 38. 4-6], levado contra a vontade para o Egito [Jr 43.5-7]. O profeta Jeremias ainda diz: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente”, [Jr 48.10]; Elias também diz: “até quando coxeareis em dois pensamentos”, [1Rs 18.21].

João Batista perdeu literalmente a cabeça [Mt 14.11]; Estevão perdeu a vida [At 7]; Tiago também foi martirizado pela causa, foi autêntico ao chamado e à vocação [At 12.1-2]; porém, o exemplo maior é sempre Cristo que cumpriu toda a sua missão e morreu por nós. Pregar não pode ser um espetáculo, status ou mero cumprimento de tabela, mais deve atender a um chamado e vocação.

3. Anunciar ao povo a tragédia que os rondava
Esqueceram-se os judeus que eram israelitas e que tinham pactos, alianças, um templo do altíssimo. À primeira vista, a profecia de Jeremias parece ser condenatória, contudo, observando bem, veremos que Deus não anula a sua misericórdia em detrimento do pecado. Sempre está disponível ao perdão. O arauto de hoje proclama contra a frieza, a dureza de coração, a apostasia e contra a “teologia hibrida” [Lc 13.6-9], aquela que até nasce, mais nada produz.

III – EM QUE CONSISTIA A APOSTASIA DE ISRAEL

1. O afastamento de Jeová
Os judeus apegaram-se aos ídolos que estavam na terra quando lá chegaram e também aos dos vizinhos, afastaram o seu coração de Deus [Jr 3.17; 4.4, 14; 7.24; 9.14; 11.20; 13.10; 17.1, 5, 9; 18.12; 23.26; 32.40]. muitos foram os culpados, os que fizeram eles cair, primeiro o povo mesmo, depois os reis como Salomão e os sacerdotes .

2. O esquecimento de Jeová
Este é um mal, um câncer também hoje. A auto-suficiência, a negligência, o esquecimento daquele que tudo fez, tudo pode, que é o Todo-poderoso [Is 9.6], o Deus de Jacó. Atingiu Israel nos tempos de Jeremias [Jr 2.8, 11; 46.1], mais hoje também atinge os crentes e até pastores, ensinadores e mestres, pois se acham! Melhor, acham que sabem muito e não buscam a Deus.

3. O desprezo pelas coisas divinas
Esaú desprezou a sua herança, i.e. primogenitura, em troca de um prato [Gn 25.31-34]; Sansão desprezou o pacto que fizera [Jz 16.13-19]; Mical desprezou a Davi que dançava adorando a Deus [2Sm 6.16]. Mais Zaquel desprezou suas riquezas e seguiu a Deus [Lc 19.1-10]. Mal-aventurado, desgraçado é aquele que tendo assentado à mesa de Deus [Hb 6.4-6], despreza a sua herança eterma, ouviu e andou com Deus e o desprezou, estes receberão a justa paga [Mt 7.22-23.

CONCLUSÃO
Os judeus caíram na apostasia, esqueceram a Deus e amaram a ídolos. Não tropece o crente hoje nesta mesma pedra. Firmes combatamos o bom combate e guardemos a fé [2Tm 4.7], até a volta do Mestre, Jesus Cristo.

Por Francisco Araújo Netto.

Fontes:
1 - MACARTHUR, JR., John. Ministério Pastoral, Alcançando a excelência no ministério cristão. Rio de Janeiro. 4ª ed.;CPAD, 2004.
2. PETERSON, Eugene. O Pastor Desnecessário. Rio de Janeiro. 1º Ed. Textus, 2001;
3. Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo. Ed. Sbb, 200;
4.Cf. ARCHER, Gleason L. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 298.

The Best Articles