sábado, 10 de julho de 2010

A Natureza da Atividade Profética – Lição 2

INTRODUÇÃO

"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores " - Mt 7.15

Antes de comentar sobre a lição 2, quero sugerir a observação de 4 princípios importantes e elementares acerca de como valorizar o tema-eixo, a linha mestra, a idéia geral da lição, visando aproveitar melhor a lição e o tempo, potencializando, isto é, enriquecendo a lição.

1º: cuidar em usar o esquema da lição [tópicos e sub-tópicos], como se fosse um “esqueleto”, buscando na bíblia informações a mais para preencher este esqueleto. Isto é importante porque tem professores que realmente não aproveitam a lição, alegando ser esta pobre em conteúdo, se assim é, então, traga conteúdo e enriqueça a lição;

2º: cuidar em não usar os textos fora de seu contexto que o tema central da lição traz. Exemplo para esta lição que trata das formas como Deus falou aos seu profetas, são textos como 2Pe 1.21, onde a palavra profecia tem uma conotação de palavra de Deus, Bíblia, etc. Seguindo esta linha cito 1Ts 5.20; Rm 15.4; 2Tm 3.16. Estes e outros versos tem um cunho teológico voltado para a inspiração plena da palavra de Deus;

3º: muito importante também é o ensinador cristão praticar uma “linguagem inclusiva”, quando da aplicação da lição. Se possível na sala distribuir os alunos em forma de U, arrebatá-los para dentro da lição, fazer que eles participem efetivamente. Claro que aqui cabe a empatia do professor, ter uma boa metodologia e didática. É o professor que desperta a paixão do aluno pela EBD;

4º: por fim, é essencial que o professor se atualize, estude muito o tema da lição e que tenha conteúdo 13, i.é., que numa lição traga conteúdo para três lições, sem fugir do tema proposto.

Para o contexto hodierno de Ekklesia, este tema não desperta muito o interesse, conquanto estamos vivendo dias frios, com sinais visíveis de apostasia, de perda do 1º amor por parte de muitos e de ausência de zelo na obra. Mesmo assim julgo oportuno aproveitar a idéia central da lição, que trata da forma como Deus falou ou se fez entender aos profetas.

I. AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DE DEUS AOS PROFETAS

1. "[...] Veio a mim a palavra do SENHOR" [v.4] – recurso emblemático que os profetas usavem para ratificar a mensagem divina ao povo, seja doutrina, consolo, juízo ou exortação. De forma que essas palavras não eram exatamente suas. Deus somente os usava como canal, instrumento, meio pelo qual sua palavra chegasse ao povo. Sendo assim, foi comum os profetas e homens de Deus cunharem este vocativo: “veio a mim a palavra do Senhor”, ou ainda, “assim diz o Senhor”, etc. Também nas doutrina teológica bibliologia, especialmente no tema inspiração, diz-se que o uso deste vocativo no contexto bíblico, ratifica a inspiração divina das palavras de Deus. Textos: 1 Sm 16.6,7; Is 7.3,4; 1Cr 22.8; 2Cr 11.4

2. Revelação divina em forma de diálogo [vv.6,9,10] - Alguns homens tiveram o privilégio de dialogar com Deus, vejamos alguns:

Adão – Gn 3.8-12: “ouviram a voz do Senhor”; “ouvi a tua voz e temi; e disse Deus”.
Abraão – Gn 12.1: “ORA o Senhor disse a Abrão...”.
Moisés – Ex 3.4: “... bradou Deus a ele, do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés”.
Samuel - 1S3.4: “O Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui”. E outros.

A pergunta importante aqui é: Deus fala hoje aos pastores, profetas e servos, dessa mesma forma? Porque temos uns que dizem que sim, que Deus falou com ele, mais será verdade ou pura concepção humana?

Outro ponto que destaco neste sub-tópico é esta frase do comentarista da lição: “Investido dessa autoridade, o profeta [Jeremias] cumpriu a sua missão de extirpar o pecado e a corrupção generalizada do povo...”. Acho que o comentarista faltou às lições do trimestre anterior, pois Jeremias até trouxe as palavras de Deus, chorou e até sofreu, contudo ele NÃO EXTIRPOU O PECADO E NEM A CORRUPÇÃO, uma vez que todos foram feitos cativo justamente por rejeitaram as profecias de Jeremias. Textos: v.16; 23.5,6; 31.31-34; Lc 22.20; Hb 9.14,15
 
3. Visão ou sonho – Visões, no sentido de receber de Deus algo profético, refere-se a uma visão primeiro espiritual, depois sobrenatural. Essas visões poderiam ocorrer assim:

Dormindo [Gn 28.12; Gn 46.2; Jó 4.13; Jó 7.14; Dn 4.6; Dn 7.13; 1Rs 3.5; Mt 1.20; Mt 2.12; At 16.9].
Acordado[Ez 1.1; Ez 8.1-3; Ez 37.1; Is 6.1-6; At 10.3].
Arrebatado em espírito [At 10.10-11,17; Ap 1.10; Mt 4.1, 5, 8].
Sonho de Deus a ímpio [Gn 20.3,6 Abimeleque; Gn 31.24 Labão; Mt 27.19 a mulher de Pilatos].

Ainda convém explicar aos alunos Dt 13.1-5 e Jr 23.27-8,32, que resumindo trás castigo para pseudoprofetas e sonhos falsos.

II. AS FORMAS DE TRANSMISSÃO DA MENSAGEM DOS PROFETAS AO POVO

1. Declaração oral e direta – esta foi a forma mais comum do profeta entregar, dizer, revelar a mensagem de Deus, a profecia para quem foi dircecionada, i.é., declarar oralmente e dirteta, sem figuras de linguagem, sem simbologia. Textos: [1Sm 15.16,17], Natã [2Sm 7.8-17; 12.7-10], Gade [1Sm 22.5], e Elias [1Rs 21.19-27]. Algo importante a dizer acerca do cumprimento da profecia é que pode ser mediato ou imediato.

2. Figuras e símbolos proféticos - vejamos alguns exemplos:

Isaías - Andou três anos descalço e nu por sinal e prodígio sobre a Etiópia [Is 20.3].
Jeremias - É recomendado a descer à casa do oleiro [Jr 18] a fim de receber a mensagem de Deus.
Oséias - É orientado para casar-se com uma mulher prostituta [Os 1.2], para que sua vida fosse uma viva pregação da infidelidade do povo e do amor do Senhor.
Ezequiel - Cercou uma cidade em miniatura [Ez 4.1-3]; escavou através do muro da casa.
Aías - Ao rasgar sua roupa em doze pedaços, e entregar dez a Jeroboão [1Rs 11.30].

3. Casos reais que servem de representação para comunicar a mensagem - Deus usou o profeta Oséias para dizer aos judeus como eles estavam espiritualmente, i.é., abomináveis diante de Deus [Os 1.2; Os 3.1].

III. A QUESTÃO EXTÁTICA DO PROFETA - Neste tópico sugiro não subdividí-lo, para descomplicar. Lembrando que na grande maioria dos alunos, são leigos, em suma lêem pouco.

Primeiro o naturalistas vetam este ensino, i.é., se opõem, não a ratificam e dizem que o êxtase é um estado emocional do profeta. Contudo, esta afirmativa é herética por negar a inspiração de Deus aos que escreveram as profecias.

Exemplos:
Balaão: Nm 24.4,16;
Pedro: At 10.10; At 11.15;
Paulo: At 22.17.

CONCLUSÃO - Realmente este tema gera pouco interesse, contudo, julgo necessário ser ensinado, dada a grande impotância das profecias no contexto teológico. Também convém lembrar que muitos extremistas além de não crêem, não ensinam.

Talvez seja oportuno, caso aja nalguma sala, um profeta hodierno lecionar esta lição e explicar como Deus lhe dá a conhecer a profecia, se é por sonho, visão, se é em êxtase, se é tomado em espírito. Como isto será impossível acontecer, sugiro que o professor estude muito a lição e seja mestre no ensino, edificando a igreja, imitando ao profeta João Batista, quando disse: "convém que Ele cresça e eu diminua" [Jo 3.30].
Soli Deo Glória.
Editor: Francisco Araújo Netto.

Fontes
1. BEVERE, John. Assim Diz o Senhor? Como saber quando Deus está falando através de outra pessoa. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2006;
2. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2006;
3. Revista Ensinador Cristão. CPAD, nº 43, p.37.o, CPAD, 2006;
4. Bíblia de Estudo Plenitude. Sbb, Edição de 1995. Barueri-SP, 1526p;
5. Bíblia digital de Estudo Ilúmina Gold;
6. Cf. CULVER, R. Robert. Verbete: Nabh’. In HARRIS, L. R. (et al) Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. SP:Vida Nova, 1998, p. 905;
7. Cf. DAVIDSON, F.; SHEDD, R. P.[eds.] O novo comentário da Bíblia. 3. ed., São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 1318.

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